quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Campos

3 comentários:

  1. Estou cansado, é claro,
    Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
    De que estou cansado, (eu) sei:
    De nada me (serve) sabê-lo,
    Pois o cansaço fica na mesma.
    A ferida dói como dói
    E não em função da causa que a produziu.
    Sim, estou cansado,
    E um pouco sorridente
    De o cansaço ser só isto —
    Uma vontade de sono no corpo,
    Um desejo de não pensar na alma,
    E por cima de tudo uma transparência lúcida
    Do entendimento retrospectivo...

    E a luxúria única de não ter já esperanças?
    Sou inteligente: eis tudo.
    Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
    E há um certo prazer até no cansaço que isto me dá,
    Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.

    [Inocência: descansa em paz.]

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  2. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  3. Lembra-te
    que todos os momentos
    que nos coroaram
    todas as estradas
    radiosas que abrimos
    irão achando sem fim
    seu ansioso lugar
    seu botão de florir
    o horizonte
    e que dessa procura
    extenuante e precisa
    não teremos sinal
    senão o de saber
    que irá por onde fomos
    um para o outro
    vividos

    Mário Cesariny

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