Doem-me a cabeça e o universo. As dores físicas mais nitidamente dores que as morais, desenvolvem, por um reflexo no espírito, tragédias incontidas nelas. Trazem uma impaciência de tudo que, como é de tudo, não exclui nenhuma das estrelas. (...) Dói-me a cabeça porque me dói a cabeça. Dói-me o universo porque a cabeça me dói. Mas o universo que realmente me dói não é o verdadeiro, o que existe porque não sabe que existo, mas aquele, meu de mim, que, se eu passar as mãos pelos cabelos, me faz parecer sentir que eles sofrem todos só para me fazerem sofrer.
Livro do Desassossego, Bernardo Soares
Resposta a Bernardo Soares,
ResponderEliminarSonhadores
Nunca aprendem
Não aprendem
Para lá do ponto
De não retorno
De não retorno.
E é demasiado tarde
Desde sempre
Ultrapassa-te
Ultrapassa-me
O quarto
Branco
Janela onde o sol trespassa
Contentes por poder servir
Somos contentes por continuar a servir