quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Uma nova noite



A noite sempre foi para mim um espaço de isolamento. Ao mesmo tempo que me apresentava o conforto de poder ser verdadeiramente eu, também me mostrava que esse eu estava votado à solidão. Mesmo que acompanhada, nunca consegui que alguém compreendesse o que esse espaço significava para mim.
A escuridão atrai-me. A melancolia também. Do mesmo modo, sinto-me atraída pela voluptuosidade das horas nocturnas, pela capacidade de entrega que elas me trazem, pela liberdade que me dão... Nunca ninguém me compreendeu. Nunca ninguém sentiu isto da mesma maneira que eu.
Mas agora uma nova noite abre-se para mim. Vou sair da prisão em que me encarcerei e acolhê-la de braços abertos. Talvez não tenha que procurar mais. Talvez seja uma noite definitiva, cheia de estrelas, como a de Van Gogh.




*Pintura: A noite estrelada, Vincent Van Gogh

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