Quando soube ontem da morte do enorme poeta António Ramos Rosa fiquei com algumas saudades do tempo em que a minha mente estava imersa na contemporaneidade! Estou felicíssima por ter seguido caminhos medievais, mas na poesia destes poetas desta geração de ouro do século XX há algo que me apaixona. E ontem calou-se, talvez, a última voz dessa grande geração! Que a sua mensagem se perpetue.
Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
António Ramos Rosa
terça-feira, 24 de setembro de 2013
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
Confiança
O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que não se prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova...
Miguel Torga
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Luz
A minha vida não mais voltará a ser obscura. Hoje tenho uma luz que me acompanhará sempre. A luz dos meus olhos, a luz da minha vida, meu Gabriel!
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Remodelação!!
A minha vida mudou e o meu blog vai no mesmo caminho! Chega de dúvidas, hoje estou inteira!! Freedom and Hapiness!!
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Liberdade
D'" O Livro do Dessassossego"
A liberdade é a possibilidade do isolamento. És livre se podes afastar-te dos homens, sem que te obrigue a procurá-los a necessidade do dinheiro, ou a necessidade gregária, ou o amor, ou a glória, ou a curiosidade, que no silêncio e na solidão não podem ter alimento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo. Podes ter todas as grandezas do espírito, todas da alma: és um escravo nobre, ou um servo inteligente: não és livre. E não está contigo a tragédia, porque a tragédia de nasceres assim não é contigo, mas do destino para si somente. Ai de ti, porém, se a opressão da vida, ela própria, te força a seres escravo. Ai de ti se, tendo nascido liberto, capaz de te bastares e de te separares, a penúria te força a conviveres. Essa, sim, é a tua tragédia, e a que trazes contigo.Nascer liberto é a maior grandeza do homem, o que faz o hermitão humilde superior aos reis, e aos deuses mesmo, que se bastam pela força, mas não pelo desprezo dela.
A morte é uma libertação porque morrer é não precisar de outrem. O pobre escravo vê-se livre à força dos seus prazeres, das suas mágoas, da sua vida desejada e contínua. Vê-se livre o rei dos seua domínios, que não queria deixar. As que espalharam amor vêem-se livres dos triunfos que adoram. Os que venceram vêem-se livres das vitórias para que a sua vida se fadou.
Por isso a morte enobrece, veste de galas desconhecidas o pobre corpo absurdo. É que ali está um liberto, embora o não quisesse ser. É que ali não está um escravo, embora ele chorando perdesse a servidão. Como um rei cuja maior pompa é o seu nome de rei, e que pode ser risível como homem, mas como rei é superior, assim o morto pode ser disforme, mas é superior porque a morte o libertou.
Fecho, cansado, as portas das minhas janelas, excluo o mundo e um momento tenho a liberdade. Amanhã voltarei a ser escravo; porém agora, só, sem necessidade de ninguém, receoso apenas que alguma voz ou presença venha interromper-me, tenho a minha pequena liberdade, os meus momentos de exelcis.
Na cadeira, aonde me recosto, esqueço a vida que me oprime. Não me dói senão ter-me doído.
O Livro do Desassossego, Bernardo Soares
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Pessoa...
Tenho pena e não respondo
Tenho pena e não respondo.
Mas não tenho culpa enfim
De que em mim não correspondo
Ao outro que amaste em mim.
Cada um é muita gente.
Para mim sou quem me penso,
Para outros --- cada um sente
O que julga, e é um erro imenso.
Ah, deixem-me sossegar.
Não me sonhem nem me outrem.
Se eu não me quero encontrar,
Quererei que outros me encontrem?
Fernando Pessoa
Subscrever:
Mensagens (Atom)